segunda-feira, 7 de junho de 2010

O cavalo Baixadeiro, da Baixada Maranhense.

Embrapa vai investir na conservação de uma nova raça
eqüina ameaçada de extinção
O cavalo Baixadeiro, da Baixada Maranhense, é uma raça centenária no país e possui muitas
características importantes para programas de melhoramento genético animal.
Brasília, 15 de fevereiro de 2005 –A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
uma das 37 unidades de pesquisa da Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, incorporou uma nova raça de animal
doméstico ameaçada de extinção ao seu programa de conservação. Trata-se do
cavalo Baixadeiro, um animal encontrado na região da Baixada Maranhense,
localizada ao norte de São Luís, e que engloba 21 municípios, ocupando uma área
de cerca de 18.000 km2. Essa raça eqüina é amplamente utilizada na região,
especialmente na lida com o gado e, além disso, é uma raça naturalizada que se
encontra no Brasil há séculos e, por isso, uma fonte potencial de genes de
interesse para programas de melhoramento genético animal.
O trabalho de conservação dessa raça será desenvolvido em parceria entre a
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA). Em setembro do ano passado, dois professores da
Universidade, Francisco Carneiro Lima e Osvaldo Serra, visitaram esta Unidade da
Embrapa e falaram sobre o potencial do cavalo Baixadeiro e da importância de
conservá-lo. A visita despertou o interesse do coordenador das pesquisas em
conservação de raças naturalizadas de animais domésticos da Embrapa, Arthur da
Silva Mariante, levando-o a viajar para a região de Baixada Maranhense em
janeiro deste ano, acompanhado por aqueles dois professores da UEMA, além de
um terceiro, o professor, Afrânio Gazzola.
Por suas características fenotípicas e comportamentais, bem como pelas
informações que obteve junto aos professores da UEMA e aos produtores da
Foto: Arthur da Silva Mariante
Foto: Francisco Lima
cidade de Pinheiro, na Baixada Maranhense, Mariante confirmou o interesse da
Embrapa na preservação do cavalo Baixadeiro. A Empresa mantém um programa
de conservação e uso de raças de animais domésticos ameaçadas de extinção
desde a década de 80 e, graças a esse programa, que é conduzido em parceria
com outras unidades da Embrapa, diversas instituições de pesquisa e
universidades brasileiras, várias raças consideradas “locais” – pois estão aqui
desde o período da colonização – já estão praticamente livres do perigo de
extinção como o bovino Caracu e o ovino Crioulo Lanado.
Minas de ouro genéticas
As raças "locais" foram sendo substituídas, ao longo dos séculos, por outras
consideradas mais produtivas, mas como são raças centenárias, guardam
características de rusticidade e adaptabilidade adquiridas através da seleção
natural, que podem ser verdadeiros tesouros genéticos. O programa de
conservação e uso da Embrapa engloba bovinos, bubalinos, eqüinos, asininos,
suínos, ovinos e caprinos. Além do cavalo Baixadeiro, que é a sua mais nova
aquisição, o programa inclui três outras raças de eqüinos: Campeiro, Pantaneiro e
Marajoara.
Segundo Mariante, o primeiro passo será coletar sangue do cavalo Baixadeiro para
realizar a sua caracterização genética e compará-lo com as outras raças
naturalizadas de eqüinos que já vêm sendo estudadas. Depois disso, será efetuado
o levantamento populacional na Baixada Maranhense. O pesquisador explica que é
muito importante também para o êxito das pesquisas de conservação o
levantamento de informações junto aos criadores daquela região.. “Pelas
informações que obtive dos professores da UEMA, e pelo que pude verificar in
loco, o cavalo Baixadeiro tem características semelhantes às apresentadas pelas
raças Pantaneira e Marajoara, que também vivem em regiões inundáveis. Estas
semelhanças serão confirmadas através dos procedimentos de análise genética”,
afirma Mariante.
De acordo com ele, a Embrapa tem interesse especial nessa pesquisa, pois é
parceira da Universidade de Brasília (UnB) em uma tese de mestrado sobre
caracterização genética de raças naturalizadas eqüinas. A parte experimental da
tese está sendo desenvolvida no Laboratório de Genética Animal-LGA da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia por uma aluna da Faculdade de Agronomia e
Veterinária da UnB
Pecuária diversificada
Mariante ressalta que a pecuária da região de Baixada Maranhense é bem
diversificada, sendo composta principalmente por bovinos da raça Nelore e
bubalinos de várias raças. Ele explica que na viagem encontrou búfalos de
pelagem baia que, atualmente, é o grupamento genético mais ameaçado de
extinção do programa da Embrapa. O pesquisador pretende coletar material
genético (sangue) também desses búfalos para compará-los com a população
existente na Ilha de Marajó, PA, que está sendo pesquisada pela Embrapa
Amazônia Oriental, em Belém. “Aquela Unidade possui um pequeno rebanho
desses animais em uma fazenda denominada BAGAM (Banco de Germoplasma
Animal da Amazônia), localizada no município de Soure, e nós achávamos que
eram os últimos representantes desse grupamento genético no país". Se ficar
comprovado que os exemplares encontrados no Maranhão fazem parte desse
grupamento, vai ser um passo muito importante para aumentar a diversidade
genética do Núcleo de Conservação”, enfatiza.
Mariante lembra ainda que a parceria com a Universidade Estadual do Maranhão
para a conservação e uso do cavalo Baixadeiro está sendo firmada em momento
muito oportuno, pois a Embrapa assinou recentemente com aquela Universidade,
um acordo de cooperação técnica, que, além desta, engloba muitas outras
atividades de pesquisa.

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