sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cólica em equinos.

SAÚDE ANIMAL

Cólica Eqüina
Mundo Hípico (parcialmente alterado)

As cólicas começam por uma dor abdominal de origem situada quase sempre no nível do tubo digestivo. O cavalo tem dor de barriga, "raspa" o solo com as mãos, dá coices, olha o flanco, se agita, se deita, rola, transpira, se mantém em posição de urinar e defecar, exterioriza o pênis (caso do macho), fica em posição de cão sentado e apresenta os olhos vermelhos. Apesar de, na maioria dos casos, serem simples e rapidamente solucionadas, as cólicas são causas freqüentes de mortalidade entre os eqüinos.
Para melhor entendermos as causas e origens das cólicas, temos que conhecer a anatomia do aparelho digestivo do cavalo.
O estômago do cavalo apresenta duas particularidades: ele é proporcionalmente muito pequeno em comparação ao cavalo adulto (o seu volume não passa os 15 - 16 litros) e sua entrada é formada de um esfíncter chamado cárdia que permanece sempre fechado impedindo o refluxo, ou seja, qualquer regurgitação (volta dos alimentos à boca para melhor mastigação) de gás ou líquido. Assim sendo, o cavalo não pode vomitar.

Se, por acaso, ele absorve uma quantidade grande demais de água ou comida, o estômago se distende e o cárdia se fecha, o que provoca uma grande dor. Poderá, então, ocorrer ruptura estomacal com conseqüente morte do animal. A presença de úlceras gástricas sobre a parede estomacal não é rara - sobretudo nos cavalos estressados - e isso pode produzir cólicas reincidentes.


Anatomia do Aparelho Digestivo

O intestino delgado é um cilindro bem comprido, bastante móvel (24 metros em media) suspenso na cavidade abdominal pelo mesentério, rico em vasos sanguíneos. As cólicas oriundas dessa parte do intestino são, na maior parte das vezes, muito graves. Podem ser o resultado de uma torção em volta do mesentério, de uma lesão de um vaso por parasitas, de um excesso na alimentação ou de uma infecção. No Garanhão, a passagem de uma asa do intestino delgado na região do testículo provoca uma hérnia inguinal.

O Cecum é um comprido tanque de 35 litros, pouco móvel, que recebe o intestino delgado. É aí que se leva a cabo a digestão da forragem. Está fixado na parede direita do flanco. Pode ser alvo de uma fermentação excessiva que leva a uma importante dilatação. Também pode se torcer e ser o lugar de uma importante sobrecarga alimentícia.

O colon sai do cecum formando o grande conduto cheio de relevos de um volume de mais de cem litros para um largo de 8 metros. Apresenta certas partes estreitas onde podem se acumular grandes quantidades de comida. Esse tipo de cólica, também chamada "compactação", é freqüente em cavalos que comem muita palha ou com falta de exercício. Por ser muito móvel, o colon pode mudar de lugar ou se torcer facilmente.

Certos corpos estranhos podem se encontrar no nível do colon e provocar cólicas. Desse modo, cavalos criados em campos de solo arenoso podem ingerir uma quantidade impressionante de areia que se acumula no colon, provocando uma obstrução. Antes, as cólicas eram uma fatalidade. Hoje em dia, os progressos da medicina veterinária nos permitem olhá-las de uma maneira mais otimista. Duas orientações são, então, recomendadas: o tratamento médico ou, se necessário, a operação cirúrgica.

Quais os tratamentos?

As cólicas benignas são as mais freqüentes. Trata-se, na maioria das vezes, de um sintoma doloroso causado pelo stress ou devido a uma sobrecarga alimentícia no nível do intestino grosso. O tratamento é clássico. Ele consiste em por o cavalo sob restrita dieta, fazê-lo caminhar para melhorar a movimentação do estômago e aplicar, quando necessário, anti-inflamatório para proporcionar alívio. É conveniente impedir que o cavalo role, evitando, assim, movimentação e torção das porções mais móveis.

O veterinário dará ao cavalo, quando preciso, pelo meio de uma sonda, azeite de parafina para ajudar na prevenção ou desobstrução de uma eventual compactação. Em certos casos mais raros como uma deslocação do colon indo se agarrar acima do fígado ou no caso de cólicas de origem infecciosa, se recomenda um tratamento médico mais meticuloso sob observação intensiva. Nestes casos, o cavalo tem, então, que se dirigir a unidade de cuidados intensivos de um centro especializado. Ali ele será aliviado e re-hidratado. Será posto sob perfusão e um tubo será passado desde o nariz até o estômago para permitir a regurgitação dos gazes, dos alimentos ou líquidos. Medicamentos contra a dor serão administrados.

No caso de uma doença infecciosa, o animal será posto sob fortes dosagens de antibióticos. Se o problema não puder ser resolvido com medicamentos, por exemplo, em caso de uma torção, de uma deslocação importante ou de uma hérnia inguinal, o cavalo deverá ser operado. Uma incisão é feita no meio da barriga e a porção de intestinos atingida é removida (às vezes vários metros de porção inviável são retirados).


Após a Intervenção Cirúrgica

O cavalo é, então, deixado na cocheira durante uns 90 dias para permitir a cicatrização correta da parte abdominal. Um passeio diário, conduzido à mão é permitido e aconselhável. A volta ao trabalho deverá acontecer mais ou menos uns 6 meses depois da cirurgia. O êxito nessa operação varia de acordo com a gravidez da lesão.

As complicações são freqüentes: pode acontecer um rompimento da ferida cirúrgica, uma infecção, um trânsito digestivo que não volta ao normal e aguamento.
Por esta razão é muito importante, conduzir o cavalo a uma clínica especializada ou hospital veterinário. A rapidez da decisão é um fator primordial a favor do sucesso. Muitos animais já foram operados e vários deles até voltaram ao mais alto nível da competição.


Tipo de Cólicas
1 . CÓLICA GASOSA
É uma dilatação do estômago produzida pela ingestão de alimentos fermentáveis ou processos obstrutivos na região do piloro (passagem estômago-intestino delgado). É de grande incidência nos haras, devido ao excesso ou má armazenagem dos alimentos. Normalmente não é causada pelo produto em si, mas sim pelo modo como ele está sendo utilizado ou administrado.

Os eqüinos, como vimos, têm o estômago pequeno e o hábito de comer pouco por várias vezes ao dia. Quando fica muito tempo sem se alimentar, ao ser fornecida uma quantidade excessiva de ração, o animal ingere um volume que muitas vezes não está condizente com a sua atividade (pouco exercício), advindo a cólica. Muitas vezes, o volume de ração que se está fornecendo a um animal sob atividade intensa , sem causar problemas, pode ser demais para um indivíduo em menor atividade. Logo, o criador deve relacionar o volume de ração com a atividade do cavalo, que pode ser assim relacionada: Manutenção, trabalho leve, moderado e pesado, ou em condicionamento (visando ganhar peso e/ou massa muscular).

A cólica gasosa pode advir da ingestão de alimentos grosseiros (grãos de milho ou capim em estágio avançado de desenvolvimento). Ingeridos em grande quantidade em decorrência da fome, obstruem o piloro, fermentam o alimento e formam gases, dilatando o estômago. A água é de extrema importância aos eqüinos. Sua restrição somente deve ocorrer imediatamente após os exercícios. No mais, ela auxilia a digestão e o trânsito do bolo alimentar pelo trato digestivo, além de compor 70% do organismo animal.

2 . ESPASMO GÁSTRICO
É um tipo de cólica que ocorre devido à ingestão de água fria após exercícios. É uma vaso-constrição com diminuição da irrigação sanguínea do estômago (isquemia). Sempre aguarde 40 minutos para, só então, fornecer água aos animais que estiveram praticando exercícios.

3 . TORÇÃO DO INTESTINO DELGADO
É uma cólica causada pelas alterações dos movimentos intestinais, cujas causas são as mais variáveis possíveis (diarréias, movimentos intestinais bruscos, etc...). Os eqüinos possuem outra característica anatômica do trato entérico, que são fortes movimentos e poucos pontos de fixação do intestino no organismo, levando-os a propensão às torções (chamado vulgarmente "nó nas tripas"). Após ocorridas, elas prejudicam a irrigação dos tecidos e, quanto mais próximas do estômago, mais graves serão.

O diagnóstico desse tipo de cólica é difícil. O único tratamento é a cirurgia até 6 a 8 horas após o início da cólica. Depois deste período, o processo é irreversível, causando a morte do animal.

4 . TORÇÕES E DESLOCAMENTO DO INTESTINO GROSSO
Semelhante à descrita anteriormente (torção), só que ocorrerá no intestino grosso, causando a obstrução da passagem do conteúdo intestinal e suprimindo a irrigação sanguínea, com a conseqüente morte dos tecidos. Os deslocamentos do cólon em 360° são incontroláveis e os animais morrem em poucas horas.

5 . COMPACTAÇÃO
São acúmulos de alimentos que ocorrem em qualquer parte do trato intestinal, ocasionando bloqueio total ou parcial ao livre trânsito do conteúdo intestinal. Geralmente são ocasionados por alimentos de baixo valor nutricional, associados à baixa digestão de água, ou de água com areia.

6 . TIMPANISMO
É o acúmulo de gases devido à fermentação dos alimentos, ocasionando distensão intestinal.

- Timpanismo intestinal primário: Pode ser ocasionado por fermentação de alimentos ou excesso destes, ocorrendo ao nível do intestino.
- Timpanismo Cecal: É causado por fermentação dos alimentos (excesso ou alimento deteriorado) e alterações do peristaltismo (provindo de causas desconhecidas).


7 . ESPASMO INTESTINAL
É uma contração da musculatura da parede do intestino, produzindo isquemia (falta de sangue), cujas causas são alterações neuro-vegetativas (nervosas).

8 . CÓLICA TROMBOEMBÓLICA (Coágulo)
É ocasionada por larvas do verme Strongylus vulgares que bloqueiam total ou parcialmente os vasos sanguíneos, afetando a irrigação sanguínea com a conseqüente necrose (morte) dos tecidos.

9 . ENTEROLÍTIASE (pedras, cálculos)
É a obstrução do intestino por enterólitos (pedras), que se formam por deposição de minerais, tendo no centro fragmentos de metais, pequenas pedras ou partículas de madeira, barbantes, etc...

Quando estas "pedras" se localizam no cólon menor ou no cólon transverso, causam obstrução, levando o animal à morte. Um enterólito possui o tamanho normal de uma mão de adulto fechada e é o agente causador da cólica, podendo matar o animal.


À Espera do Veterinário

A - Caminhar com o animal para eliminar os gases (isto se o processo estiver no início)
B - Colocar o animal em local aberto para evitar que se machuque.
C - Dar analgésico antiinflamatório, por exemplo, Banamine.
D - Dar, via oral, um frasco de leite de magnésia.
E - Dar, via oral, dois frascos de anti-fermentativo, por exemplo, Blotrol.
F - Caso haja alguém com experiência, passar a sonda naso-gástrica e realizar a lavagem estomacal

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